quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vamos realmente discutir cultura?




Algum tempo atrás os eventos relacionados a cultura em Anápolis eram raros e geralmente direcionados e movido por algum interesse privado que acabava por restringir a abrangência das atividades à um grupo e temáticas bem específicas.

Já hoje, novos espaços para acontecimentos culturais estão surgindo, o próprio FAMU é fruto desta necessidade e vários outros brotam, mais ou menos fortes, na nossa cidade em grande parte apoiado pelo poder público.

É bacana ver os diversos festivais que estão acontecendo pela cidade. Grito Rock, Anápolis Metal, Festival de Violeiros, Famu, Festival Acústico... estão criando uma nova cara para a cultura anapolina. É importante que este movimento não fique apenas no impacto da “novidade” apoiada pela atual gestão. Governos vêm e vão junto com os seus programas e somente com um trabalho sério e bem sedimentado é possível manter e ampliar o apoio cultural para além de um (ou dois) mandato(s) no paço municipal.

Eu não acho errado o poder público ser o fomentador destas atividades, desde que se avalie a relevância cultural do mesmo e talvez até com alguma contrapartida social. É função do Estado incentivar a produção cultural, principalmente se financeiramente ela for inviável. A iniciativa privada não tem o mesmo interesse pela cultura se ela não tiver algum retorno, seja simplesmente financeiro ou marketing. Alguns eventos classificados como “Alternativos” talvez nunca tivessem a chance de acontecer ou não proporcionariam um estrutura mínima para garantir o seu sucesso.

Precisamos que estas atividades se fortaleçam e assim como seus organizadores. É bom lembrar este movimento cultural ainda é bem jovem e os questionamentos vão sempre surgir e não se pode deixar levar por atitudes imaturas. Vi isso bem claramente na semana seguinte ao FAMU e hoje me preocupa que estas portas podem ser bruscamente fechadas. A ironia é que a culpa vai recair sobre quem trabalhou tanto para abri-las.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sugestões para o V FAMU


Toda crítica deve proporcionar uma analise mais abrangente sobre algo, ajudando o leitor a aumentar seu nível de exigência.
Podemos até classificar que a IV edição do Famu como um sucesso (e de certo modo foi sim), mas temos que pensar quais pontos deram certos, quais não deram e quais podem melhorar. Vamos lá.

Classificação e Final
Quem vai os dois dias de festival percebe que existe algo desproporcional. Enquanto no primeiro dia existe um inchaço de apresentações (vinte), na final poucas músicas (dez) parece que o evento acaba rápido. Uma das coisas mais legais do Famu é o encontro de ritmos e músicos que dificilmente dividiram o palco em outra ocasião. Esta interação é muito bem vinda, faz com que os músicos vejam de perto o trabalho de outros e cresçam como artistas, respeitando a diversidade e o trabalho dos outros. Para isso acontecer é necessário que haja mais espaço para o maior número de músicas concorrer. Minha ideia é que invés de dois, o festival seja estendido para três dias. Dois classificatórios com 15 músicas classificando 7 (ou 8) em cada dia e a final com 14 ( ou 16) músicas. Com isso você abre mais espaço para os músicos e equilibra as apresentações.

Local
O primeiro dia do festival infelizmente foi marcado pela chuva. Este pode ter sido um dos motivos para a regulagem do som ter sido tão complicada neste dia além de ter espantado o público. O Famu já foi realizado no Teatro Municipal, não sei o motivo para ter saído de lá, mas acho que este teatro é a casa da arte anapolina e deveria continuar lá. Um local onde tem um bom camarim para os músicos, a plateia fica confortável, som e iluminação são regulados em um ambiente controlado tendo a certeza que não sofrerá com chuva ou vento.

Seleção
Não quero entrar no mérito da seleção da música este ano, mas acho ele pode ser aprimorado. A comissão avaliadora deve ser composta por um grupo maior e já se deve avaliar nesta etapa os principais quesitos que serão avaliados no dia da apresentação (ritmo, letra e harmonia). Ideal que a comissão seja dividida em três subcomissões. Cada subcomissão classifica as músicas em grupos de 5 de acordo com as quais achar melhor. Ex.: Grupo 1 (do 1° ao 5°), Grupo 2 (do 6° ao 10°), Grupo 3 (do 11° ao 15°) ... Ao final se dá uma pontuação para cada grupo (Grupo 1 – 10 pontos, Grupo 2 - 9 pontos, Grupo 3 – 8 pontos...). Soma-se os pontos que cada música recebeu e se estabelece o rank. Os primeiros colocados são classificados, em caso de empate nas últimas posições, toda comissão reunida seleciona qual música deve ser classificada.
A comissão deve ser formada por três grupos: Membros da secretaria de cultura e comissão organizadora, músicos reconhecidos e profissionais especializados (produtores, promotores de eventos, locutores de rádio...). Os membros das subcomissões podem ser sorteados, garantindo assim que haja uma interação entre eles.

Jurados
A única maneira de garantir que o jure tenha um papel profissional é não tratá-lo como amador. É de suma importância que o corpo de jurado tenha conhecimento técnico para avaliar os concorrentes e o mínimo que a organização pode fazer é pagar cachê a esses profissionais. Se o músico/produtor está julgando um festival, logicamente ele poderia estar trabalhando em outro local naquele exato momento, nada mais justo então ele receber por isso. Cria um laço de compromisso entre jure e festival.
Para garantir a integridade do jure, é necessário que o seja publicado quem serão os jurados com um tempo necessário para que algum dos concorrentes possa impetrar recurso pedindo o impedimento de algum jurado caso sinta que este possa ser tendencioso a outro concorrente. Cabendo a coordenação do festival decidir sobre o impedimento em tempo hábil.
É saudável que em cada dia de festival sejam jurados diferentes, sendo decido por sorteio qual o dia de cada jurado.

Avaliação e Premiação
Geralmente em festivais os quisitos avaliados são Letra, Harmonia, Ritmo e Interpretação. A partir das somatórias das notas se estipula qual foi a apresentação mais completa premiando assim os melhores.
O prêmio separado de interpretação é um pouco redundante, pois ele é avaliado dentro das notas finais. Ou você dá um prêmio separado para cada quesito, ou não dá nenhum.
Acho bacana dar um premio do público. Um “aplaudômetro” ao final das apresentações resolve isso.
Já para o prêmio revelação, se deve estabelecer bem o que se enquadra em revelação. É a primeira vez do músico no festival? Se for, se o Chico Buarque se inscrever ele pode levar essa? Se o festival visa incentivar a música anapolina, esta concorrência devia se restringir aos músicos da cidade.

Transparência
Em toda concorrência em que o resultado final passe pelo fator subjetivo de jurados sempre haverá aqueles que irão discordar. Não vejo como resolver este problema, apenas atenuá-lo. É sim necessário que as notas de todos os jurados sejam divulgada, de preferência na internet. Para ajudar o artista a se desenvolver você tem que apontar quais foram as falhas deles, isto também é função dos jurados/festival. Sem contar que caso haja algum jurado mal intencionado dentro do corpo, este ficará mais receoso por saber que todos conhecerão o que ele fez. Cobrar um jurado pela nota que ele deu a um artista é saudável. O jurado pensará mais antes de proferir aquela nota e assim fará uma avaliação melhor.

E ai, alguém tem mais alguma sugestão?

Olhar Anápolis Ressurge


Olá...

Depois de um período de reflexão, achei por bem retornar o blog. Tomei essa decisão porque nesses dias em nenhum momento achei que fiz algo que me envergonhasse ou errado e que ainda há muita coisa para discutir e percebi que quando abri este canal ele se tornou público e, portanto um ambiente livre para realizar esta discussão.

Sobre as ameaças, acho que vale o risco. Como não fiz nada considerado ilegal não há motivos judicialmente para me preocupar. Vou continuar anônimo, pois assim não corro o risco de sofrer nenhum tipo de perseguição pessoal. Não sou ou quero ser o dono da verdade, por isso, quem discordar, favor usar argumentos e não ataques. Dizer que o que eu digo não tem credibilidade por eu ser um anônimo é uma justificativa muito fraca. Denúncias anônimas acontecem o tempo todo na polícia, a própria investigação sobre o Carlinhos Cachoeira começou a partir de denúncia anônima. 

Antes de parar com o blog já tinha alguns textos escritos que esperava postar, com tudo que aconteceu eu tinha desistido de publicar. Agora, irei publicá-los aos poucos, começando por um texto propositivo sobre o FAMU na parte da tarde. Liberei os demais posts que havia bloqueado, vamos retornar de onde paramos.

Como quero tornar este espaço público, peço que quem quiser colaborar com o blog, pode entrar em contato que vou avaliar o material. O critério para publicação será somente se o conteúdo é coeso com as suas ideias e não ofensivo. Saliento que o autor, caso queira, terá a identidade ocultada por pseudônimo.

Alguns comentários no facebook me compararam ao Batman, no início até achei engraçado, mas depois eu lembrei deste diálogo do Cavaleiro das Trevas que se inicia quando a bailarina Natasha fala sobre a cidade de Gotham, e pergunta sobre quem gostaria de criar um filho na cidade:

Natasha – Me referia à cidade idolatrar um vigilante mascarado.
Harvey - Gotham se orgulha de um cidadão que defende o correto.
Natasha - Gotham precisa de heróis como você, eleitos, que não se considera acima da lei.
Bruce – Exato. Quem elegeu o Batman?
Harvey – Nós, todos os que deixaram a escória controlar a cidade.
Natasha - Mas esta é uma democracia Harvey.
Harvey - Com os inimigos aos portões, os romanos esqueciam democracia e elegiam alguém para proteger a cidade. Não era uma honra, era um serviço público!
Rachel – Harvey, o último homem que nomearam protetor da República se chamava César e nunca abandonou o poder.
Harvey – OK, tudo bem. Ou morre como um herói ou vive o bastante pra virar o vilão.

Não sou um herói, mas vou tentar não virar o vilão.