Toda crítica deve proporcionar uma analise mais abrangente
sobre algo, ajudando o leitor a aumentar seu nível de exigência.
Podemos até classificar que a IV edição do Famu como um
sucesso (e de certo modo foi sim), mas temos que pensar quais pontos deram
certos, quais não deram e quais podem melhorar. Vamos lá.
Classificação e Final
Quem vai os dois dias de festival percebe que existe algo
desproporcional. Enquanto no primeiro dia existe um inchaço de apresentações
(vinte), na final poucas músicas (dez) parece que o evento acaba rápido. Uma
das coisas mais legais do Famu é o encontro de ritmos e músicos que
dificilmente dividiram o palco em outra ocasião. Esta interação é muito bem
vinda, faz com que os músicos vejam de perto o trabalho de outros e cresçam
como artistas, respeitando a diversidade e o trabalho dos outros. Para isso
acontecer é necessário que haja mais espaço para o maior número de músicas
concorrer. Minha ideia é que invés de dois, o festival seja estendido para três
dias. Dois classificatórios com 15 músicas classificando 7 (ou 8) em cada dia e
a final com 14 ( ou 16) músicas. Com isso você abre mais espaço para os músicos
e equilibra as apresentações.
Local
O primeiro dia do festival infelizmente foi marcado pela
chuva. Este pode ter sido um dos motivos para a regulagem do som ter sido tão
complicada neste dia além de ter espantado o público. O Famu já foi realizado
no Teatro Municipal, não sei o motivo para ter saído de lá, mas acho que este
teatro é a casa da arte anapolina e deveria continuar lá. Um local onde tem um
bom camarim para os músicos, a plateia fica confortável, som e iluminação são
regulados em um ambiente controlado tendo a certeza que não sofrerá com chuva ou
vento.
Seleção
Não quero entrar no mérito da seleção da música este ano,
mas acho ele pode ser aprimorado. A comissão avaliadora deve ser composta por
um grupo maior e já se deve avaliar nesta etapa os principais quesitos que
serão avaliados no dia da apresentação (ritmo, letra e harmonia). Ideal que a
comissão seja dividida em três subcomissões. Cada subcomissão classifica as
músicas em grupos de 5 de acordo com as quais achar melhor. Ex.: Grupo 1 (do 1°
ao 5°), Grupo 2 (do 6° ao 10°), Grupo 3 (do 11° ao 15°) ... Ao final se dá uma
pontuação para cada grupo (Grupo 1 – 10 pontos, Grupo 2 - 9 pontos, Grupo 3 – 8
pontos...). Soma-se os pontos que cada música recebeu e se estabelece o rank.
Os primeiros colocados são classificados, em caso de empate nas últimas
posições, toda comissão reunida seleciona qual música deve ser classificada.
A comissão deve ser formada por três grupos: Membros da
secretaria de cultura e comissão organizadora, músicos reconhecidos e
profissionais especializados (produtores, promotores de eventos, locutores de
rádio...). Os membros das subcomissões podem ser sorteados, garantindo assim
que haja uma interação entre eles.
Jurados
A única maneira de garantir que o jure tenha um papel
profissional é não tratá-lo como amador. É de suma importância que o corpo de
jurado tenha conhecimento técnico para avaliar os concorrentes e o mínimo que a
organização pode fazer é pagar cachê a esses profissionais. Se o
músico/produtor está julgando um festival, logicamente ele poderia estar
trabalhando em outro local naquele exato momento, nada mais justo então ele receber
por isso. Cria um laço de compromisso entre jure e festival.
Para garantir a integridade do jure, é necessário que o seja
publicado quem serão os jurados com um tempo necessário para que algum dos
concorrentes possa impetrar recurso pedindo o impedimento de algum jurado caso
sinta que este possa ser tendencioso a outro concorrente. Cabendo a coordenação
do festival decidir sobre o impedimento em tempo hábil.
É saudável que em cada dia de festival sejam jurados
diferentes, sendo decido por sorteio qual o dia de cada jurado.
Avaliação e Premiação
Geralmente em festivais os quisitos avaliados são Letra,
Harmonia, Ritmo e Interpretação. A partir das somatórias das notas se estipula
qual foi a apresentação mais completa premiando assim os melhores.
O prêmio separado de interpretação é um pouco redundante,
pois ele é avaliado dentro das notas finais. Ou você dá um prêmio separado para
cada quesito, ou não dá nenhum.
Acho bacana dar um premio do público. Um “aplaudômetro” ao
final das apresentações resolve isso.
Já para o prêmio revelação, se deve estabelecer bem o que se
enquadra em revelação. É a primeira vez do músico no festival? Se for, se o
Chico Buarque se inscrever ele pode levar essa? Se o festival visa incentivar a
música anapolina, esta concorrência devia se restringir aos músicos da cidade.
Transparência
Em toda concorrência em que o resultado final passe pelo
fator subjetivo de jurados sempre haverá aqueles que irão discordar. Não vejo
como resolver este problema, apenas atenuá-lo. É sim necessário que as notas de
todos os jurados sejam divulgada, de preferência na internet. Para ajudar o
artista a se desenvolver você tem que apontar quais foram as falhas deles, isto
também é função dos jurados/festival. Sem contar que caso haja algum jurado mal
intencionado dentro do corpo, este ficará mais receoso por saber que todos conhecerão
o que ele fez. Cobrar um jurado pela nota que ele deu a um artista é saudável.
O jurado pensará mais antes de proferir aquela nota e assim fará uma avaliação
melhor.
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